Não é "adeus": é "até logo"! =)

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Rá! Pensaram que eu tinha esquecido de vocês, não é? NÃO MESMO! É que eu estava bastante ocupada, dando conta de entregar os zilhões de trabalhos da faculdade para findar o semestre. Por isso não pude ir até o Liceu novamente e, também, porque só agora começo a me recuperar de uma gripe sinistra que já estava me perturbando o juízo desde a última aula que ministrei para vocês na semana passada.
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Quero expor aqui, mais uma vez, que me sinto MUITO FELIZ por ter sido professora de vocês. Podem ter certeza que guardarei com carinho esse período em que pude educá-los da melhor forma que tentei e, mais que isso, carregarei comigo os Amigos que fiz.
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O trabalho de professor é uma missão muito nobre e nada fácil para quem leva à sério a missão que recebeu. Levo muito à sério tudo o que faço, porque a medida que leciono - onde quer que eu esteja e para quem quer que seja - me imagino como aluna. Se eu fosse aluna, no lugar de vocês, iria querer estudar com quem estivesse disposto - com sinceridade - a ser professor com ética, profissionalismo, e que me tratasse feito gente, não feito mercadoria ou número. Não foi à toa que sempre que fiz a chamada os chamava pelo nome de cada um, e não pelo número da chamada. Não foi à toa que tentei conversar com vocês e escutá-los, ao longo das aulas, e não apenas transferir conteúdos.
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Tentei passar o que significa Literatura e a utilidade dela em nossas vidas, junto à Nélida, e espero que tenhamos conseguido acertar pelo menos um pouquinho em nossas aulas. Sabemos o quanto é difícil muitos de vocês olharem para os professores como alguém que deseja a vitória de vocês, na vida e na escola, talvez porque muitos de vocês carreguem consigo mágoas de outros professores que não foram dedicados, ou até mesmo transfiram para nós mágoas que tiveram com outras pessoas que são autoridades para vocês (como os pais de vocês ou algum outro parente ou amigo mais velho). Entretanto, é necessário saber separar as coisas, inclusive o emocional do racional.
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Imagino que tiveram alunos que talvez não tenham acreditado, por exemplo, quando eu e Nélida caímos no choro naquele dia, mas é um direito de vocês acreditarem ou não. O que posso dizer é que nada, em nenhum momento, foi teatro e que vocês não têm - ainda - noção de como o mundo nos cobra aqui fora. Dar aulas pra vocês foi muito além, pelo menos pra mim, do que eu esperava. Muitas vezes precisei engolir decepções de pessoas que tentam a todo custo me derrubar, precisei engolir o luto de uma tia que perdi e que amava muito, e precisei - acima de tudo - tentar respeitar o espaço de vocês. Quando damos aula, muitas vezes, precisamos respeitar esse espaço para não levarmos para a sala de aula coisas ruins que presenciamos fora da sala, o que é bem difícil.
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Todo mundo fala mal do professor, culpa o professor por isso ou aquilo, mas poucos pensam no trabalho que a gente tem, humano e profissional, pra tentar fazer e levar algo de bom pra que a aula não seja maçante ou improdutiva. E eu, pelo menos, tento e tentei ao máximo ensinar, e aprender com vocês, porque não queria apenas "passar meu tempo" enquanto dava aula. Nem ganhar dinheiro não ganhei para estagiar, e mesmo se precisasse passar por tudo de novo, passaria sem sombra de dúvidas.
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Quanto à nova professora, respeitem-na, demonstrem interesse pela matéria, aproximem-se dela. Não deixem a cargo somente da nova professora de tentar conseguir um retorno de vocês e fazer com que as aulas sejam boas. Lembrem: é somente uma pessoa para lidar com mais de 30 alunos, com mais de 30 expectativas e personalidades diferentes e isso não é fácil. Ajudem-se e, consequentemente, colaborem com a nova professora também, certo?
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Quero dizer que ficará a saudade, o carinho e o respeito por cada um, até pelos mais "bagunceiros". Embora não pareça, no meu tempo de colégio eu era "da turma do fundão" também, sabiam? Mas hoje percebo que deveria ter brincado bem menos, em sala de aula, pra não perder tanto tempo na minha vida. Acredito que alguns mais entusiasmados e inquietos, ao longo das aulas, não tenham "ido muito com minha cara" a cada vez que eu chamava a atenção e pedia silêncio, ou questionava comportamentos, mas é porque hoje sei o quanto o estudo é importante e pode ajudar e mudar a vida de alguém para a melhor SEMPRE. Se ainda não conseguiram compreender isso, busquem investir suas vidas no estudo agora! Não deixem essa oportunidade para depois, porque o depois chega rápido demais: se nós não estivermos preparados para esse "depois", ele chegará até nós sem que tenhamos produzido nada de efetivamente bom nessa vida. E já disse e repito: vocês têm potencial de vencedores. Convençam-se disso e invistam nisso, porque ninguém poderá fazer isso por vocês. Vençam na vida: ela só está aguardando, a cada dia, um "sim" prático de cada um. Façam o melhor que puderem.
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Não me estenderei mais. Vocês perceberam como perco a noção de texto quando escrevo (escrevo demais!), mas o que quero dizer é que, embora consciente de que não consegui agradar a todos - seja em que aspecto for -, respeito a escolha de cada um. Espero que vocês tenham conseguido entender, pelo menos um pouquinho, da sistemática da Literatura e espero, mais ainda, que busquem ler, ler sempre que puderem, ler sempre que não puderem. Ler transforma uma pessoa e a constrói de uma forma consideravelmente diferente e nobre em meio a esse mundo que precisa de pessoas conscientes, inteligentes, ativas e vencedoras (como vocês) para torná-lo melhor. Façamos, cada um, a nossa parte.
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Quero bem à todos e espero que, quando nos esbarrarmos ruas afora, possamos nos cumprimentar como velhos e conhecidos amigos, pois é assim que os considero: como amigos.
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P.s: caso vocês me vejam e eu não os veja, falem comigo. Quando ando pela rua, penso em tanta coisa, mas tanta coisa, que geralmente se algum conhecido passa ao meu lado, posso muito bem não perceber. Então, ajudem-me, tá? =)
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P.s - 2: Seguem as fotos que tiramos na última aula. Gostaria de ter tirado fotos com todos mesmo (Ítalo senti sua falta nesse dia, assim como senti falta dos alunos que não puderam ficar até o momento do sorteio dos livros), mas já que não foi possível, fotografei-os em minha mente e coração.
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P.s -3: Renata, você não tem noção de como me emocionei com sua carta. Guardei-a com muito carinho e o seu presente ficou muito perfeito! Tenho-o usado desde o dia que você me deu.
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P.s - 4: Quem quiser copiar as fotos em tamanho maior, basta clicar em cima de cada foto que elas ficam em um tamanho maior.
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P.s - 5: AMO TODOS VOCÊS! Vocês me ensinaram MUITO! Grandes abraços em cada um!=)
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Ass.: Profª Fernanda Lima
01.12.2009

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Vendedor de Sonhos

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Que você seja um vendedor de sonhos.
Ao fazer os outros sonhar
Não tenha medo de falhar;
E se falhar,
Não tenha medo de chorar;
E se chorar,
Repense sua vida,
Mas não desista:
Dê sempre uma nova chance
para si mesmo
E para quem ama
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Autora: Lindinês Rodrigues - 1ºD/Manhã - LiceuCe

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Penso em ti

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Vou buscando em cada mirada
Um olhar que me faz refletir
Sobre aquele beijo que queria te dar.
Um sorriso sincero,
Um abraço lunar,
Penso em ti.
Eu queria tanto te falar o que penso
Pois a cada manhã,
Eu lembro: eu quero te dar um beijo.
Mas agora tudo mudou
Penso em ti,
Penso em ti.
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Refrão:
Tua voz serena,
falando coisas
que eu nunca poderia imaginar.
Fecho os olhos
Vejo o teu rosto lindo
O qual eu sei que não poderei tocar
__________________________________
Autor: Fcº Ítalo - 1ºD/Manhã - LiceuCe

Monte Castelo (Legião Urbana)

Quinhentismo

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1) QUINHENTISMO: CONTEXTO HISTÓRICO
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Depois de 1500, o Brasil ficou praticamente isolado da política colonialista portuguesa . Nenhuma riqueza se oferecia aqui às necessidades mercantilistas da época. Só depois de 30 anos da descoberta é que a exploração começou a ser feita de forma sistemática e, assim mesmo, de maneira bastante lenta e gradativa.
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O primeiro produto que atraiu a atenção dos portugueses para a nova terra foi o pau-brasil, uma madeira da qual se extraía uma tinta vermelha que tinha razoável mercado na Europa. Para sua exploração, não movimentaram grande volume de capital, cuidado que a monarquia lusitana, sempre em estado de falência, precisava tomar. Nada de vilas ou cidades, apenas algumas fortificações precárias para proteção da costa. Esse quadro sofreria modificações profundas ao longo do século XVI.
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Sem o estabelecimento de uma vida social mais ou menos organizada, a vida cultural sofreria de escassez e descontinuidade. Assim, uma pergunta se impõe: o que aconteceu no Brasil entre 1500 e 1600 , no âmbito da arte literária? O Quinhentismo.
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Esse período, denominado de "Quinhentismo", apesar de não ter apresentado nenhum estilo literário articulado e desenvolvido, mostrou algumas manifestações que merecem consideração. Podemos destacar duas tendências literárias dentro do Quinhentismo brasileiro: a Literatura de Informação e a Literatura dos Jesuítas.
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No século XVI, a maioria das obras escritas no Brasil não foram feitas por brasileiros, mas sobre o Brasil por visitantes, chamada Literatura de Informação ou de Viagem. A esta literatura soma-se outra chamada Literatura Jesuítica, relato das incursões religiosas para catequização dos índios.
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A) Então o Quinhentismo divide-se em:
·Lit. Informativa - conquista material para o governo português
·Lit. Jesuítica - conquista espiritual, num movimento resultante da Contra-Reforma
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B) Referências históricas
·capitalismo mercantil e grandes navegações
·auge do Renascimento
·ruptura na Igreja (Reforma, Contra-Reforma e Inquisição)
·colonização no BR a partir de 1530
·lit. jesuítica a partir de 1549
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2) LITERATURA DE INFORMAÇÃO, DE VIAGEM OU DOS CRONISTAS
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Durante o século XVI, sobretudo a partir da 2a. metade, as terras então recém-descobertas despertaram muito interesse nos europeus. Entre os comerciantes e militares, haviam aqueles que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas terras, como o escrivão Pero Vaz de Caminha, que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500.
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Os textos produzidos eram, de modo geral, ufanistas, exagerando as qualidades da terra, as possibilidades de negócios e a facilidade de enriquecimento. Alguns mais realistas deixavam transparecer as enormes dificuldades locais, como locomoção, transporte, comunicação e orientação.
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O envolvimento emocional dos autores com os aspectos sociais e humanos da nova terra era praticamente nulo. E nem podia ser diferente, uma vez que esses autores não tinham qualquer conhecimento sobre a cultura dos povos silvícolas. Parece ser inclusive exagerado considerar tais textos como produções literárias, mas a tradição crítica consagrou assim. Seguem alguns trechos da famosa Carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao Rei D. Manuel de Portugal , por ocasião da descoberta do Brasil.
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A carta de Caminha faz um relato dos dias passados na Terra de Vera Cruz (nome antigo do Brasil) em Porto Seguro, da primeira missa, dos índios que subiram a bordo das naus, dos costumes destes e da aparência deles (com uma certa obsessão por suas "vergonhas"), assim como fala do potencial da terra, tanto para a mineração (relata que não se achou ouro ou prata, mas que os nativos indicam sua existência), exploração biológica (a fauna e a flora) e humana, já que fala sempre em "salvar" os nativos, convertendo-os.
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"Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!"
(...)
"Viu um deles [índios] umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo. Isso tomávamos nós por assim o desejarmos"
(...)
"Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença"
(...)
"Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza
em ela deve lançar."
(...)
"E neste dia, a hora de véspera, houvemos vista de terra, isto é principalmente d'um grande monte, mui alto e redondo, e d'outras serras mais baixas a sul dele de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à Terra de Vera Cruz."
(...)
"A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto."
(...)
"Os outros dois, que o capitão teve nas naus, a quem deu o que já dito é, nunca aqui mais apareceram, de que tiro ser gente bestial e de pouco saber e por isso assim esquivos. Eles, porém, com tudo, andam muito bem curados e muito limpos e naquilo me aprece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas, porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão formosos, que não pode mais ser. E isto me fez presumir que não têm casas em moradas em que se acolham. E o ar , a que se criam, os faz tais . "
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Literatura de Informação – Resumo:
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-Destinava-se a informar os interessados sobre a "terra nova", sua flora, sua fauna, sua gente. A intenção dos viajantes não era fazer literatura, mas sim uma caracterização da terra. Através dessa literatura se tem idéia do assombro europeu diante de um mundo tropical, totalmente diferente e exótico.
-Além da descrição, os textos revelam as idéias dos portugueses em relação à nova terra e seus habitantes.
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Características
·textos descritivos em linguagem simples
·muitos substantivos seguidos de adjetivos
·uso exagerado de adjetivos empregados, quase sempre, no superlativo
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Autores
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Pero Vaz Caminha
Autor da "certidão de nascimento" do BR, onde relatava ao rei de Portugal a "descoberta" da Terra de Vera Cruz (1500)
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Pero Lopes de Souza
Diário da navegação da armada que foi à terra do BR em 1500 (1530)
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Pero Magalhães Gândavo
Tratado da terra do BR e A história da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamam BR (1576)
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Gabriel Soares de Sousa
Tratado descritivo do BR (1587)
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Ambrósio Fernandes Brandão
Diálogo das grandezas do BR (1618)
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Frei Vicente do Salvador
História do Brasil (1627)
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Pe. Manuel da Nóbrega
Diálogo sobre a conversão dos gentios (1558)
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Pe. José de Anchieta
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3) A LITERATURA DOS JESUÍTAS
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A título de catequizar o "gentio" (índio, estrangeiro) e , mais tarde, à serviço da Contra-Reforma Católica, os jesuítas logo cedo se fizeram presentes em terras brasileiras. Marcaram essa presença não só pelo trabalho de aculturação indígena, mas também através da produção literária, constituída de poesias de fundamentação religiosa, intelectualmente despojadas, simples no vocabulário fácil e ingênuo.
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Também através do teatro, catequizador e por isso mesmo pedagógico, os jesuítas realizaram seu trabalho. As peças mesclam dogmas católicos com usos indígenas para que, gradativamente, verdades cristãs fossem sendo inseridas e assimiladas pelos índios. O autor mais importante dessa atividade é o Padre José de Anchieta. Além de autor dramático, foi também poeta e pesquisador da cultura indígena, chegando a escrever um dicionário da língua tupi-guarani. Em suas peças, Anchieta explorava o tema religioso, quase sempre opondo os demônios indígenas aos santos católicos que vinham salvá-las. José de Anchieta foi o iniciador do teatro brasileiro.
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O padre José de Anchieta (1534-1597) foi uma das grandes figuras do primeiro século de história do Brasil. Nascido nas Ilhas Canárias, domínio espanhol, tinha parentesco com Inácio de Loiola. De saúde frágil e dedicado aos estudos, Anchieta tornou-se jesuítas aos 17 anos de idade e naquele mesmo ano partiu para o Brasil. No Brasil Anchieta criou o teatro brasileiro: autos para a catequese dos índios. Também fez poesia em latim e escreveu tratados sobre o Brasil:
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"Teme a Deus, juiz tremendo,
que em má hora te socorra,
em Jesus tão só vivendo,
pois deu sua vida morrendo
para que tua morte morra."
--Auto de São Lourenço, Pe José de Anchieta
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"Não há cousa segura.
Tudo quanto se vê se vai passando. A vida não tem dura.
O bem se vai gastando.Toda criatura passa voando.
Em Deus, meu criador, está todo meu bem e esperança
meu gosto e meu amor e bem-aventurança.
Quem serve a tal Senhor não faz mudança.
Contente assim, minha alma,
do doce amor de Deus toda ferida,
o mundo deixa em calma,
buscando a outra vida,
na qual deseja ser toda absorvida.
Do pé do sacro monte meus olhos levantando
ao alto cume,vi estar aberta a fonte
do verdadeiro lume,
que as trevas do meu peito todas consume
Correm doces licores das grandes aberturas
do penedo.Levantam-se os errores,
levanta-se o degredo e tira-se a amargura
do fruto azedo!
--Em Deus, meu criador, José de Anchieta
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Literatura Jesuítica - Resumo
-Junto às expedições de reconhecimento e colonização, vinham ao BR os jesuítas, preocupados em expandir a fé católica e catequizar os índios. Eles escreveram principalmente a outros missionários sobre os costumes indígenas, sua língua, as dificuldades de catequese etc.
-Esta literatura compõe-se de poesias de devoção, teatro de caráter pedagógico e religioso, baseado em textos bíblicos e cartas que informavam o andamento dos trabalhos na Colônia.
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Autores
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José de Anchieta
-Papel de destaque na fundação de São Paulo e na catequese dos índios. Iniciou o teatro no BR e foi pesquisador do folclore e da língua indígena.
-Produção diversificada, sendo autor de poesias líricas e épicas, teatro, cartas, sermões e uma gramática do tupi-guarani.
-De sua obra destacam-se: Do Santíssimo Sacramento, A Santa Inês (poesias) e Na festa de São Lourenço, Auto da Pregação Universal (autos).
-Elaborava seus textos com uma linguagem simples, revelando acentuadas características de tradição medieval portuguesa.
-Suas poesias estão impregnadas de idéias religiosas e conceitos morais e pedagógicos. As peças de teatro lembram a tradição medieval de Gil Vicente e foram feitas para tornar vivos os valores e ideais cristãos. Nas peças, ele está sempre preocupado em caracterizar os extremos como Bem e Mal, Anjo e Diabo, característica pré-barroca.
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Outras Obras
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A História da Província Santa Cruz a que vulgarmente chamam Brasil é o relato do viajante Pero de Magalhães Gândavo em sua viagem pelo BR. Tal qual no Tratado da Terra do Brasil, Gândavo descreve a terra, flora e a fauna. História, propriamente dita, há pouca em seu relato. Existe a narrativa do descobrimento e menções a vários ocorridos, como a expulsão dos franceses de São Sebastião (cidade do Rio de Janeiro hoje em dia) e a morte do filho de Mem de Sá, assim como fala-se dos costumes e das guerras de povos indígenas. É nesta parte que se destaca o forte preconceito do autor, que sustenta que os índios são maus e que os Portugueses deveriam salvá-los:
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“Não acho que preciso, mas vou lembrar a todos que os portugueses e espanhóis quando vieram para a cometeram tantas e tão horríveis atrocidades motivados por ganância cega que a antropofagia dos nativos parece tão horrível quanto esmagar uma formiga.”
(...)
"Esta planta é mui tenra e não muito alta, não tem ramos senão umas fôlhas que serão seis ou sete palmos de comprido. A fruita se chama banana. Parecem-se na feição com pepinos e criam-se em cachos. (...) Esta fruta é mui saborosa, e das boas, que há na terra: tem uma pele como de figo (ainda que mais dura) a qual lhe lançam fora quando a querem comer: mas faz dano à saúde e causa fevre a quem se demanda dela."
--História da Província Santa Cruz, Pero de Magalhães Gândavo
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"Há no Brasil grandíssimas matas e árvores agrestes, cedros, carvalhos, vinháticos, angelins e outras não conhecidas em Espanha, de madeiras fortíssimas para se poderem fazer delas fortíssimos galeões (...). Mas os índios naturais da terra as embarcações de que usam são canoas de um só pau, que lavram a fogo e a ferro (...)"
--História da Custória do Brasil, Frei Vicente do Salvador

Pesquisa para ser entregue na aula de Literatura do dia 05/10:

Redigir um texto, de no mínimo 20 linhas e no máximo 30 linhas, falando sobre:
- a importância de Gil Vicente para a Literatura Portuguesa;
- qual a influência do auto teatral "O Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, na Literatura Brasileira.
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Para isso, você poderá comparar "O Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, e o "Auto da Compadecida, peça de Ariano Suassuna que ganhou adaptação para o filme que foi veiculado nos cinemas brasileiros.
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Sugestão para fontes de pesquisa:
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- Livro PORTUGUÊS - LINGUAGENS 1: Literatura/Produção de Texto/Gramática, Unidade 2, Capítulo 8 (pg. 86-100) e Capítulo 9 (pg. 101 - 108)
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- O link
http://descobertas-literarias.blogspot.com/2009/09/analogia-entre-o-auto-da-barca-do.html
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- Será enviado para o e-mail de cada estudante os livros virtuais de "O auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, e "O auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, para aqueles que quiserem ler cada obra por completo.
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- Sites como:
Biblioteca virtual
http://www.virtualbooks.com.br/
Site Enciclopédico
http://www.wikipedia.com.br/
Site Cultural
http://www.mundocultural.com.br/
http://www.portaldasletras.com.br/

Analogia entre "O Auto da Barca do Inferno" e "O auto da Compadecida"

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Embora descritos em movimentos literários diferentes, os dois autos apresentam pontos em comum, como a presença marcante da religião.
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O Auto da Barca do Inferno é elaborado no período literário denominado Humanismo ou primeiro Renascimento (segunda época medieval) e o Auto da Compadecida foi escrito na 3a fase do período Modernista da Literatura Brasileira.
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Os dois autos apresentam o conflito entre o bem e o mal com ápice no momento do julgamento.
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O Auto da Barca do Inferno e o Auto da Compadecida não apontam presença de crença em vários deuses; mas no Auto da Compadecida há um momento de apelação à Nossa Sra e eis que surge a Compadecida.
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O Julgamento é o momento em que todos têm suas vidas expostas e são julgados em vida ou após a morte por seus atos cometido em vida.
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No Auto da Barca do Inferno e no Auto da Compadecida há uma flexibilidade nos julgamentos, pois nota-se que os personagens são sabiamente ouvidos e absolvidos, tendo até mesmo uma segunda chance de vida, como é o caso de João Grilo do Auto da Compadecida. Portanto, há semelhanças em ambos os autos: o conflito religioso; a crítica à sociedade (soberba, avareza...); a exaltação da religião e a falta da moral religiosa.
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1 - AUTO DA BARCA DO INFERNO
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1.1. BREVE RESUMO DA OBRA LITERÁRIA
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O período situado é chamado de humanismo gótico ou segunda época medieval ou primeiro renascimento.
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Os personagens desempenham um nítido papel de representação social, em todas as suas camadas (clero, nobreza, povo).
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Este Auto mostra as almas do mortos que estão à espera das embarcações que o levarão, conforme suas virtudes e vícios, para o céu ou inferno.
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O barqueiro do inferno e do céu esperam em uma barca os condenados e os agraciados, onde cada condutor se encontra na proa. Os que morrem chegam e são acusados pelo Diabo e pelo Anjo, mas apenas absolve e condena. O primeiro a chegar é um Fidalgo, em seguida um Onzeneiro (agiota), um Parvo (bobo), um Sapateiro, um Frade, uma Alcoviteira (cafetina/bruxa), um Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado, os Quatros Cavaleiros.
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Um a um eles se aproximavam do Diabo, carregando o que na vida lhe pesou (pecados). Perguntam para onde vai a barca. Quando ficam sabendo que a barca vai para o inferno ficam horrorizados e se dizem merecedores do céu. Aproxima-se então do Anjo que os condenam ao inferno por seus pecados. É uma espécie de juízo final.
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Dentre todos os tipos, apenas o Parvo e os Quatros Cavaleiros são levados pela barca do Anjo. Os demais são condenados e levados pela barca do Diabo.
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1.2. AS ALMAS
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Fidalgo – Condenação da frivolidade, da soberba e da tirania.
Onzeneiro – Condenação da usura, da ganância e da avareza.
Sapateiro – Condenação da má fé no comércio e da hipocrisia religiosa.
Parvo – Glorificação da modéstia e da humildade.
Frade – Condenação falso moralismo religioso.
Alcoviteira – Condenação da feitiçaria e da prostituição.
Judeu – Perseguição religioso.
Corregedor / Procurador – A condenação da burocracia corrupta e do uso do poder em proveito próprio.
Enforcado – Testa-de-ferro burocracia corrupta.
Os Quatros Cavaleiros – Glorificação do ideal das cruzadas e espírito do cristianismo puro.
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1.3.QUEM AS PUNE
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Esta obra é inclinada para o retrato social mais ou menos estereotipado com juízos e valores. Estes juízos de valores serão manipulados por dois personagens, o anjo e o diabo, os quais personificam as ideias abstratas do bem e do mal. Estas duas figuras são personagens alegóricos e funcionam como símbolo de uma ideologia cristã. A alegoria é feita através da observação da sociedade.
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1.4. A PUNIÇÃO
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De acordo com os critérios religiosos da época, o cristianismo deveria ser o motivo real de vida para todos. Qualquer um que fugisse destes critérios seria alvo da indignação. A visão era a de seguir os preceitos religiosos e doar-se de corpo e alma à religião, colocar-se à disposição dela e defendê-la até a morte. Não bastava apenas a reza ou a frequência nos bancos do templo, era preciso vigiar e rejeitar todo e qualquer desejo carnal. A obediência e a observância era motivo da glória eterna; ao contrário, deleitar-se ao prazer da carne tinha como consequência eterna a chama do inferno.
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2 - O AUTO DA COMPADECIDA
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2.1. BREVE RESUMO DA OBRA LITERÁRIA
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O Auto narra as aventuras de um sertanejo pobre e mentiroso chamado João Grilo e de seu fiel amigo Chicó.
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Tudo começa com a história do testamento do cachorro morto que envolve o Padre, o Bispo e o Sacristão, personagens que se concentram em torno da simonia e da cobiça. João Grilo e Chico, vendo a tristeza da Mulher do Padeiro em perder o seu amado cachorro, inventam, desta vez, a história do gato que descome dinheiro. Vende-o para ela e fazem seu lucro.
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Neste meio tempo acontece o assalto feito por Severino do Aracaju e o Cangaceiro. João Grilo inventa mais uma história “a da gaita que fecha o corpo e ressuscita”. Com esse episódio todos morem com exceção de Chicó.
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Do outro lado, acontece um estranho julgamento onde as almas são acusadas pelo Diabo que as quer levar para o inferno, mas são defendidas pela Compadecida, que é quem intercede por todas junto à Manuel (Cristo).
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No final, com exceção de João Grilo que ganha uma nova chance de voltar à Terra, Severino e o Cangaceiro que são perdoados por Cristo, todos os outros vão parar no purgatório.
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2.2. COMENTÁRIOS
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Analisando o comportamento dos personagens, nota-se que o autor teve a intenção clara de ressaltar a falta da moral católica traçando um paralelo entre o nordeste dos anos 30 e a Idade Média.
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2.3. AS ALMAS
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Bispo
Padre
Sacristão
Mulher
Padeiro
Severino
Cangaceiro
João Grilo
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2.4. QUEM AS PUNE
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A acusação vem do Encourado e do Demônio que julgam todas as almas aguardando por seu benefício. Mas a punição final quem dá é Manoel (Cristo).
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2.5. A PUNIÇÃO
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Punição (acusação): O Padre João, o Bispo e o Sacristão são acusados de simonia e cobiça; o Padeiro e a Mulher, de avareza e adultério, respectivamente; já o Severino e o Cangaceiro, por serem assassinos cruéis, mas que não conheciam o bem, são guiados ao céu; e finalmente João Grilo, por mentir e armar histórias, mas tem uma segunda chance de vida.
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2.6. A DEFESA DA COMPADECIDA
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O papel da Compadecida no Auto é de advogada das almas. Ela intercede por todas, principalmente por João Grilo, junto a Manuel.
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2.7. A ABSOLVIÇÃO
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João Grilo recebe tratamento diferenciado porque sua fé nas historias que cria, mesmo sem saber, vem da proteção que recebe da Compadecida. É essa convicção que o salva e que o faz ganhar uma nova oportunidade de Manuel, retornando à vida e à companhia de Chicó. Caberá a ele provar que essa oportunidade foi ou não bem aproveitada.
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Bibliografia

VICENTE, Gil. O Auto da Barca do Inferno, FTD , edição 1998
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida, Rio de janeiro, Agir, 2001
Português Série Brasil
Faraco e Moura – Vol Único – Editora Ática, pág 91, 124 e 345

Língua Portuguesa
Hermínio Sargentim – Ensino Médio – Editora IBEP, pág 327

Português – De Olho no Mundo do Trabalho
Ernani Terra e Jose di Nichola – Ensino Médio – Editora Scipione, 1a Edição, 2006.

Português – Série Novo Ensino
MAIA – Ensino Médio – Editora Ática, 11a Edição, 2005

Biblioteca virtual
www.virtualbooks.com.br

Site da PUC
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Eternidade

Às vezes nossos sonhos caem no solo
Como pedaços de estrelas
Que pouco a pouco se apagam.
Nosso coração chora em silêncio
E, quando as lágrimas caem,
Molham todo corpo
E o coração de tanto amar
Divide-se em um elo
Para não sofrer mais
Para não chorar mais
Pois, se voltar a si,
Verás que caem milhões de estrelas
E, em cada uma,
Um sonho por cumprir
E a força do Interior
Termina o elo
Em um coração.
Nunca deixe de acreditar
Porque o amor e o sonho
São as únicas portas
Para a felicidade.
__________________________________
Autor: Fcº Ítalo - 1ºD/Manhã - LiceuCe

1.Contexto histórico:
-(1198-1418)
-Consolidação política e territorial:
*Formação da nação portuguesa: 1128
*Sentimento de nacionalidade→ constituição de literatura
*Guerra de Reconquista (final: 1249, com Afonso III);
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2.Marcos da Escola:
-Inicial: 1198 (ou 1189)
→ Cantiga de Garvaia ou Cantiga da Ribeirinha
└ Complexidade da Cantiga
└ Oscila entre ser de amor e de escárnio.
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-Final: 1418 → Nomeação de Fernão Lopes para Guarda-mor da Torre do Tombo, por D. Duarte.
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3.Formas de realização do Trovadorismo:
-Na poesia: cantigas
-Na prosa: novelas de cavalaria, cronicões, (livros de linhagens ou nobiliários) e hagiografias (livros que contam as vidas dos santos).
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4.Poesia trovadoresca:
-Apresentou-se por meio de Cantigas. Receberam essa denominação porque uniam o canto ao acompanhamento musical, através de instrumentos de sopro, corda e percussão. O idioma era o galego-português (porque abrangiam territórios, na época, correspondentes à Espanha (dialeto galego) e Condado Portucalense (Português);
-As cantigas podem ser de refrão (estribilho) ou de maestria;
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5. Tipos principais de Cantigas Trovadorescas:
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a)Lírico-amorosa
→ Cantiga de amor
→ Cantiga de amigo
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b)Satírica
→ Cantiga de escárnio
→ Cantiga de maldizer
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c)Cantigas de Santa Maria
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5.1. AS CANTIGAS LÍRICO-AMOROSAS (características)
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A) Cantiga de Amor
-Eu-lírico: masculino;
-Ambiente: palaciano;
-Visão da mulher: idealizada (idealista);
-Confissão dolorosa de um amor passional do trovador frente a uma dama inacessível e magnânima, porque era, muitas vezes, de elevada classe social;
-Súplica torturante de sofrimento interior, confissão angustiante pela paixão não correspondida, amor platônico: coita de amor;
-Vassalagem amorosa;
-Inspira-se nas canções provençais: código do amor cortês.
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***Regras do amor cortês:
- Vassalagem (servidão) do poeta para com sua dama;
-Confissão do sentimento;
-Idéia fixa e obsessiva;
-Possui mais rebuscamento formal;
-Amor platônico por uma dama perfeita
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B) Cantiga de Amigo:
-Eu-lírico: feminino;
-Ambiguidade da dualidade amorosa do trovador;
-Ambiente: rural.
-Teor dirigido às amigas, à mãe, à natureza, às árvores, às fontes, aos riachos (panteísmo e paganismo);
-Visão da mulher: realista.
-Tipos extraídos do povo: pastoras, camponesas, fiandeiras;
-Paralelismo.
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5.2 - CANTIGAS SATÍRICAS (Características gerais):
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-Ambiente: dissoluto.
-Meios frescário e tabernário;
-Linguagem: admitia expressões de baixo-calão;
-Documenta os meios populares do tempo;
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A)Cantiga de Escárnio:
-Segundo a Arte de Trovar: “cantigas d’escarneo son aquelas que os trobadores fazen querendo dizer mal d’alguem em elas (...).” Usando de: “palavras cobertas, que hajam dois entendimentos para lhe lo não entenderen”;
-Sátira indireta: sarcasmo e ironia.
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B) Cantiga de Maldizer:
-Sátira direta: agressividade, não permite dois entendimentos.
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5.3 - CANTIGAS DE SANTA MARIA (características gerais):
-Escritas por D. Afonso X, o Sábio. Também é provável que os trovadores que frequentavam a corte dele tenham participado na elaboração das cantigas;
-Era uma oferta a nossa senhora por pedido de milagres;
-Coleção de poesia mariana escrita no século XIII;
-Foram compostas com uma unidade de música e poesia, encontrando-se a sua notação musical registrada nos manuscritos e suas iluminuras;
-Escritas em galego-português;
-Podem ser de dois tipos: as de caráter narrativo (mirages) e as de caráter lírico (loores);
-Comparam-se com as outras cantigas da poesia lírica.
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6.Cancioneiros:
-Coletâneas de canções;
-Relatos orais → cadernos de apotamentos → cancioneiros;
-Os de maior importância são:
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a)CANCIONEIRO DA AJUDA:
-Composto no reinado de Afonso III, o que exclui a produção de D.Dinis, o rei trovador. Contém 310 cantigas. Possui apenas as cantigas de amor. É o cancioneiro mais antigo deles, tendo sido copiado em fins do século XIII. Seu manuscrito pertence à própria época da maioria dos trovadores (é original);
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b)CANCIONEIRO DA BIBLIOTECA NACIONAL (antigo Colocci-Brancuti):
-É o mais completo de todos. Cópia italiana do séc. XVI, por Angelo Colocci. Contém 1647 cantigas de todos os tipos. Engloba trovadores dos reinados de Afonso III e de D. Dinis. Contém a “Arte de Trovar” (pequeno tratado de poética trovadoresca. Obra anônima de vulgarização destinada a instruir o leitor do Cancioneiro nas questões básicas relacionadas aos poemas nele contidos);
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c)CANCIONEIRO DA VATICANA:
-Foi mandado copiar pelo humanista italiano Angelo Colocci, no século XVI. Contém 1205 cantigas de todos os tipos.
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7.Prosa trovadoresca:
-Cronicões;
-Livros de linhagens;
-Novelas de cavalaria:
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7.1 - Novelas de Cavalaria (características):
a)Originárias da Inglaterra (toda a região da Grã-Bretanha) ou/e França;
b)Nasceram da prosificação e metamorfose das canções de gesta;
c)Penetraram em Portugal no séc. XIII, durante o reinado de Afonso III;
d)Circulavam entre a fidalguia e a realeza;
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e)Ciclos
→Ciclo bretão ou arturiano;
→Ciclo carolíngeo;
→Ciclo clássico
f)Só o ciclo arturiano deixou marcas vivas em Portugal;
g)Em português só restaram as seguintes novelas:
-História de Merlim
-José de Arimatéia
-A demanda do Santo Graal.
O Classicismo foi a forma literária, posterior ao Trovadorismo, que se desenvolveu no período histórico do Renascimento, ao longo do século XVI. Pregava o resgate ao espírito da Antiguidade greco-latina e só foi possível graças às transformações profundas sofridas pela Europa desse tempo.
O Renascimento é uma época contraditória. Ao mesmo tempo que enfrenta os maiores desafios científicos e as aventuras marítimas, realiza a libertação do indivíduo e desenvolve o culto à beleza, compraz-se também no mais puro obscurantismo, evidente nos autos de fé, na escravidão dos negros, na prática dos alquimistas e dos astrólogos e no maior empobrecimento dos pobres. Significa a ascensão da burguesia, possuidora de bens, que aspira, entretanto, à nobreza, razão pela qual, em seu aspecto positivo, vem manifestar o gosto aristocrático pela cultura e pelas artes, exercendo o mecenato. Não há uma ruptura com o Cristianismo, e sim, estimulam-se pintores e poetas a representar o elemento pagão ao lado dos motivos cristãos.
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Era uma Europa nova, moderna, constituída em outras bases. Com o fim das Cruzadas processou-se um conjunto de alterações sócio-político-econômicas, decorrentes do renascimento do comércio, da urbanização e do surgimento da burguesia. A junção desses elementos impulsionou o processo de formação do Estado Nacional (também chamado de Monarquia Nacional Absolutista), no qual o rei concentrava o poder em suas mãos, e, assim, lentamente foram sendo demolidos os pilares que sustentavam o feudalismo.
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Houve no campo sócio-econômico, a expansão comercial européia mediante as Grandes Navegações, que surgiram entre outros fatores, como uma alternativa à chegada às fontes das especiarias sem ter que depender do monopólio italiano e dos diversos intermediários e como forma de superar as crises do século XIV: trilogia peste, fome e guerras. A economia passa a se caracterizar pelo desenvolvimento do capitalismo mercantil. É através das riquezas advindas das Grandes Navegações que os Estados Modernos conseguiam os recursos para a manutenção do poder Absoluto, pois desenvolviam o Mercantilismo, política de controle e incentivo que se caracterizava, pela balança comercial favorável, pelo protecionismo alfandegário, pelo pacto colonial, pelo metalismo e pelo exclusivismo comercial.
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No campo religioso houve a Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, em 1517, na Alemanha, que vai servir como base ideológica do capitalismo, uma vez que apóia a usura, o lucro. No campo científico, a ciência moderna desenvolve-se fundamentada em métodos rigorosos de observação e experimentação. Houve ainda, um avanço na divulgação e comunicação com a utilização dos tipos móveis da imprensa, permitindo maior difusão dos conhecimentos. No campo tecnológico houve o emprego da bússola e do astrolábio, o uso da pólvora e do papel.
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As circunstâncias históricas e uma peculiar situação geográfica confiaram ao povo lusitano um papel de relevo na evolução do Renascimento. É que Portugal, através de alguns estudiosos e particularmente das descobertas marítimas, colaborará de modo direto e intenso no processo renascentista. Todavia foi o alargamento do horizonte geográfico, com sua corte de conseqüências econômicas e políticas, que conferiu ao povo português relevância histórica no período que corre desde os fins do século XV até meados do século XVI.
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Com efeito, a descoberta do caminho marítimo paras Índias, empreendida por Vasco da Gama em 1498, seguida do “achamento” do Brasil em 1500, cercou-se duma série de semelhantes e felizes cometimentos, que permitiram a Portugal gozar de uma momentânea mas intensa euforia. Sobrevém daí uma extraordinária prosperidade econômica, que aos poucos se vai atenuando, até a derrocada final em Alcácer-Quibir, em 1578, quando morre D. Sebastião e o exército português é vencido pelo sarraceno.
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Foi no ímpeto revolucionário da Renascença, e como desenvolvimento natural do Humanismo, que o Classicismo se difundiu amplamente, por corresponder, no plano literário, ao geral e efêmero complexo de superioridade histórica. Preza pelo antropocentrismo em detrimento do teocentrismo medieval; prefere o paganismo ao teologismo; valoriza o saber concreto, científico e objetivo e não o abstrato; a mitologia greco-latina passa a funcionar como símbolo ou ornamento, em suma: o humano prevalece ao divino.
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Costuma-se considerar como o marco inicial do Classicismo o ano de 1527, quando regressa da Itália, Sá de Miranda, tendo permanecido lá por seis anos, onde tomou contato com estudiosos preocupados com o florescimento do estudo da literatura antiga, grega e latina, trazendo as novas tendências européias para Portugal. Introduziu ou colaborou para introduzir precipuamente a medida nova, e ainda: o verso decassílabo, o terceto, o soneto, a epístola, a elegia, a canção, a ode, a oitava, a égloga, a comédia clássica. Tornou-se o principal divulgador da estética clássica, mas o papel de teórico do movimento coube a Antônio Ferreira. O ano que marca, didaticamente, o fim do movimento é 1580, quando morre Camões, o poeta épico visionário português e Portugal é anexado ao domínio espanhol, inaugurando a União Ibérica.
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Denominam-se clássicas as obras e o movimento de Classicismo porque em decorrência dos empreendimentos do homem em diversos campos da atividade e do ressurgimento do interesse pela Antigüidade greco-latina, a Europa passa a cultivar novas realizações na Arte inspiradas na cultura clássica.
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No ideário clássico é fundamental a tradução e comentários de textos teóricos greco-latinos, nomeadamente, a Poética de Aristóteles e a Arte Poética de Horácio. Fundamentos de suas poéticas passam a servir como modelo às obras clássicas, ligadas ao uso da razão como forma de alcançar a perfeição, a harmonia, a beleza e a verdade universais e absolutas.
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O Classicismo consistia, antes de tudo, numa concepção de arte baseada na imitação dos clássicos gregos e latinos, considerados exemplos de suma perfeição estética. Mas imitar não significava copiar, sim criar segundo as fórmulas, as medidas empregadas pelos antigos. Daí a observância às “regras”, estabelecidas como verdadeiros pressupostos da obra literária: os escritores não tinham mais que observá-las, acrescentando-lhes a força do talento pessoal.
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A arte clássica é racionalista por excelência, mas isso não significa ausência de sentimento e emoção, apenas pressupõe que a Razão controle-as, evitando que transbordem. Estabelece-se, ou deseja-se, um equilíbrio entre Razão e imaginação para criar uma arte universal e impessoal. Todavia a impessoalidade e a universalidade implicavam uma concepção absolutista de arte: esta, deveria expressar verdades eternas e superiores, na medida em que se aproximassem dos arquétipos, ou seja, os modelos greco-latinos. Daí vem que os clássicos renascentistas procurem a Beleza, o Bem e a Verdade, com maiúsculas iniciais, em virtude dessa concepção absolutista e idealista de arte. Um alto objetivo ético é o que tencionavam alcançar com suas obras.
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O clássico buscava entender a harmonia do Universo e dela participar utilizando a Razão ou a inteligência. O clássico queria ser intelectual antes de sensitivo, com a inteligência voltada para fora de si, para o Cosmos, e não para dentro, na sondagem do próprio “eu”, como farão posteriormente os românticos.
. {"Vênus de Milo" - obra do célebre pintor italiano Sandro Botticelli
da Escola Florentina do Renascimento}
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Também se ressalta que os clássicos faziam o culto extremado da forma, e, portanto, o desinteresse pelo conteúdo. Isso origina a célebre fórmula do Renascimento: “Arte pela Arte”. Os clássicos são formalistas no duplo sentido de aceitarem os modelos preestabelecidos e de valorizarem a suprema perfeição formal em prosa e em poesia. Imitam-se os torneios sintáticos dos antigos, mas sem perder de vista o caráter próprio da Língua: numa espécie de “defesa e ilustração da Língua Portuguesa”, os clássicos preconizavam ardorosamente a pureza da linguagem.
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O século XVI português constitui época bifronte devido a coexistência e não raro interinfluência das duas formas de cultura, a medieval e a clássica. Do ângulo da expressão poética, a primeria seria a “medida velha”, e a segunda, a “medida nova”.
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A época do Classicismo apresentou um grupo notável de poetas, encimado por Luís de Camões, tendo a poesia se colocado à frente das outras manifestações literárias coevas. Decorre daí que o Classicismo português se abre e fecha com um poeta: Sá de Miranda e Camões. Numa visão de conjunto, este último é o grande poeta, enquantos os demais se colocam em plano inferior, naturalmente ofuscados pelo seu brilho.
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Pouco se sabe da biografia de Camões. De nascimento incerto, entre 1524 ou 1525, Camões provavelmente pertenceu a uma família aristocrárica da Galiza, tendo acesso à vida palaciana na juventude. Leu Homero, Petrarca, Vírgilio, Ovídeo, entre outros e provocou paixões em damas da corte, dentre as quais a Infanta D. Maria e D. Catarina de Ataíde, o que caudou seu “desterramento” para longe da Corte. Foi como soldado raso, em Ceuta, que perdeu o olho, deficiência muito insistantemente enfatizada em sua poética, como se nota em: “Sem olhos vi o mal claro / que dos olhos se seguiu; / pois cara-sem-olhos viu / olhos que lhe custam caro...”.
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Seu maior destaque é na poesia, que se divide em duas maneiras fundamentais: a maneira medieval, tradicional, que usa a medida velha (redondilha maior de sete versos e menor de 5 versos) e a maneira clássica, renascentista, expressa pela medida nova e que se subdivide em lírica, vazada em sonetos, odes, elegías, canções, églogas, sextinas e oitava, e épica, n’Os Lusíadas.
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Quanto à lírica camoniana, as análises da obra de Camões geralmente costumam apontar alguns núcleos temáticos e estilísticos da poesia épica e lírica. Quanto ao estilo, faz-se a relação da poesia camoniana com o estilo clássico (odes, elegias, medida velha, influência trovadoresca das cantigas) e a inovação estética (medida nova, maneirismo, antecipações dos estilos arcádio e romântico) que trouxe. Os núcleos temáticos presentes na lírica camoniana são geralmente cinco: o humor; o jogo de paradoxos; a Teoria do Amor; o desconcerto do mundo e o metafísico, reflexivo e transcendental.
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De acordo com o Dicionário de Termos Literários (Massaud Moisés), a poesia épica principa-se com a Odisséia e a Ilíada do século IX a.C, escritas por Homero. Posteriormente temos as epopéias da Índia e da Finlândia. A epopéia dos romanos foi a Eneida de Vírgilio, escrita no século I a.C. No entanto, durante a Idade Média as epopéias perdem espaço para as novelas de cavalaria, apesar disso, na Itália, Dante escreve a Divina Comédia. É na Renascença que há um novo impulso às epopéias nacionais, impulsionadas pela redescoberta do mundo greco-latino, dentre elas: Os Lusíadas (1572).
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Durante o Renascimento fixam-se regras de como deveria ser a poesia épica: girar em torno de um assunto sublime; prender-se a acontecimentos históricos ocorridos há muito tempo; ter como protagonista um herói de superior força física e mental. Quanto à estrutura, a divisão deveria ser feita em três partes autônomas: Introdução (composta por Proposição, Invocação e Dedicatória), Narração e Epílogo. Devia envolver a esfera do maravilho (impacto de forças sobrenaturais na ação dos heróis) e empregar o verso decassílabo heróico. Considerando-se até o século XVIII, pode-se fazer uma diferenciação fundamental entre poesia épica e epopéia. Nem todo poema épico é epopéia, mas toda epopéia é sempre um poema épico.
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{Primeira edição de "Os lusíadas" de Luís de Camões}

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Os Lusíadas estão divididos em 10 cantos que apresentam no total, 1102 estrofes ou estâncias organizadas em oitava rima (AB AB AB CC) e perfazem 8816 versos decassílabos heróicos. O tema abordado é a história de Portugal, a glória do povo navegador português e a memória dos reis que foram dilatando a Fé e o Império, a que seu título já sugere, pois a palavra que nomeia a epopéia designa os Portugueses, que a erudição humanística assim nobilitava como descendentes de Luso, filho ou companheiro de Baco.
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Conforme Clenir Bellezi de Oliveira, em “Mares nunca dantes navegados”, entre os diversos episódios fantásticos que permeiam Os Lusíadas alguns se consagram como “notáveis”: o de “Inês de castro”, o do “Velho do Restelo, o do “Gigante Adamastor e o da “Ilha dos Amores”.
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Um fator interessante e representador do espírito renascentista ou moderno é o fato do herói do poema não ser Vasco da Gama, mas os navegantes como unidade, ou seja, o povo português, o próprio Portugal. Há também a coexistência do maravilhoso pagão (a intervenção de deuses da mitologia) e do cristão (intervém o sobrenatural do Cristianismo); a atitude subjetiva do Epílgo; os sentimentos e frustrações pessoais que Camões transfere aos personagens.
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O Prof. Gilbero Mendonça Teles apresenta no estudo “O mito camoniano: a influência de Camões na Cultura Brasileira”, que todo poeta brasileiro foi influenciado por Camões, inclusive os dois maiores escritores brasileiros, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade, pois os mesmos fizeram referências, alusões, paráfrases, enfim, reapropriações inteligentes do ciscurso camoniano, épico e lírico. O processo de influência camoniana vai do nome do Poeta, citado no texto dos poemas, aos versos e nome postos em epígrafe e adquirem um sentido maior de intertextualização quando lhe retomam os temas e as formas expressivas.
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Outros poetas, menores em talento quando comparados à Camões, mas que merecem referência, são: Sá de Miranda, que cultivou o teatro e a poesia, esta, dividida em entre “media velha” e “medida nova”; Antônio Ferreira, afora o papel de doutrinador do Classicismo em Portugal e de mestre da pureza de linguagem, tem mérito estético por determinados sonetos insertos nos Poemas Lusitanos e pela tragédia A Castro; e Bernardim Ribeiro, escritor da novela Menina e Moça.
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O clima ideológico da Renascença portuguesa atingiu ainda outras zonas de atividade literária: literatura de viagens, novela de cavalaria e sentimental, conto, teatro e prosa doutrinária. Quanto à literatura de viagens Massaud Moisés assevera que surgem devido à impressão de assombro deixada pelas descobertas de novas esferas e paisagens, sucedendo o desejo de fixá-las para transmiti-las a todos.
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